Dentro de um Abraço - Martha Medeiros

sexta-feira, 7 de setembro de 2012 Marcadores: ,

Para finalizar esse feriado, quis fazer algo diferente. Iniciei ontem a leitura do livro Feliz por Nada, da Martha Medeiros. É um livro de crônicas, e por isso se torna mais dificil depois resenhá-lo, afinal são tantas crônicas que não dá para falar de todas. Então decidi, que ao longo da leitura, vou escolher as que mais gosto e compartilhar um pouco com vocês. E logo a primeira, que abre a coletânea, me encantou. Vou publicar apenas alguns trechos dela, já que é um pouco extensa.

Dentro de um abraço.

                 [...] Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
                 Meu palpite: dentro de um abraço.
                 Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
               Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentor de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao praraíso.
              O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reinvindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhum se faz necessária, está tudo dito.
             Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira bar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
             Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço?
             [...]

Martha Medeiros

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