Título: Um Sopro de Ternura
Autor: Marcelo Cezar
Editora: Vida e Consciência
Páginas: 588
Ano: 2010
Sinopse: Em 1932, uma família abalada pela morte da matriarca passa por transformações espirituais reveladoras. Na inevitável fragmentação familiar que se sucede, Lilian, a personagem central, é abandonada em Santos e sofre inúmeras humilhações, chegando a ser violentada. Deprimida e solitária, conhece a amizade eterna de Matilde e Valentina. As duas, em outras vidas, foram ligadas a Lilian e sentem-se impelidas a ajudá-la. A trama mostra que os laços construídos pelo amor são eternos e que não há vazio que o amor não preencha.
Eu sei que estou devendo resenhas de alguns livros anteriores a esse, mas preferi falar desse que terminei ontem, e achei maravilhoso! Há muito tempo que eu não lia um livro espírita, talvez por falta de vontade, mas quando vi Um Sopro de Ternura na biblioteca, me apaixonei completamente (tipo amor a primeira vista, sabe?). Mas vamos a história!
O prólogo se inicia quando Lilian, completamente descontrolada, encontra Dinah, e pede satisfações sobre o amado, Paul. Dinah, que não era flor que se cheire afirma que Paul está com Natalie, outra que se dizia amiga de Lilian.
Lilian, a principio não acredita, mas vai verificar. Não é a sua surpresa quando encontra Paul com Claire, e não com Natalie. Completamente traída, num impulso mata o casal e se suicida em seguida.
Alguns anos depois...
Lilian e Clara são duas irmãs que perderam o pai na Revolução de 1930 no Brasil, e vivem com a madrasta Dinorá. Só que tipo, Dinorá é MÁdrasta mesmo! Oh, mulherzinha ruim! Prepotente, ambiciosa, leva uma vida paralela como prostituta, e sonha em subir de vida. As irmãs são atormentadas toda noite por um pesadelo, onde há muito sangue, e corpos assassinados. Não entendem o porque daquilo, mas querem parar de alguma forma.
A única companhia das irmãs é Carmela, vizinha e grande amiga de Lilian. Garota esperta, talvez um pouco moderna para sua idade e para aquela época.
A vida das meninas muda drasticamente quando Dinorá tem a chance de se casar com um cliente rico seu, e decide separar as meninas. Arma toda uma emboscada e manda Lilian e Clara para cada canto. Clarinha acaba sendo encontrada por uma família e sendo bem recebida, enquanto Lilian acaba sofrendo um bocado antes de encontrar Marilda, que a ajuda no possível.
Paralelo a isso temos Valentina, dama da sociedade, grande financiadora de artes (o livro se passa durante o esplendor da Semana de Arte Moderna que ocorreu no Brasil em 1922), e uma mulher muito inteligente. Solteira, vive com o irmão Paulo Renato, advogado conceituado e também solteiro. É assediado pela prima Selma, que não mede esforços para conquistar o primo. Posso já ir avisando: ela apronta muuuuuito!
A história desses personagens e se alguns outros se entrelaçam de tal forma que muitas vezes durante a leitura do livro, ficava pensando: "como o destino é imprevísivel! Não é a toa que ele coloca as pessoas em nossa vida! Resumindo: Nada é por acaso!"
Adorei a leitura do livro. É um livro extenso (558 páginas), mas que passaram tranquilamente, sem nenhum problema. Foi uma leitura dinâmica e direta. Havia grande quantidade de diálogos durante a narrativa, o que não tornava a história cansativa. Outro ponto também que influencia é a quantidade de personagens divididos em núcleos. Cada capítulo era alternado em um núcleo, o que tornava a leitura mais agradável. Literalmente, as páginas viravam sozinhas.
Como já falei, há uma grande quantidade de personagens na história. Destaque para Marcos, advogado que trabalha com Paulo Renato, e que mais tarde se apaixona por Carmela, a própria Carmela, que simplesmente adorei a personagem. Decidida, independente, fazia certas coisas sem se preocupar com o que os outros iriam dizer. Além de Valentina e Lilian, que também gostei de suas personagens!
No início do livro, fiquei com muita pena de Lilian e Clarinha. Dinorá era muito perversa com as garotas. Obrigava elas e trabalharem duro, maltratava elas. No skoob, cheguei a compará-la com Carminha, da novela Avenida Brasil. Por que nunca vi duas mulheres tão malvadas! Até que depois Selma entra na hístória, e ai mesmo que não sabia mais qual era a mais perversa!
Mas voltando a Lilian e Clarinha, ainda fiquei pensando: por que elas tem que sofrer tanto? Afinal, são apenas crianças que não merecem o que estão passando! Só que com o desenrolar da história, mudo completamente a minha opinião!
Um Sopro de Ternura foi um dos únicos livros que chorei! Pelo menos em algumas partes (três vezes), me vieram lágrimas dos olhos, de tão lindo que era aquele momento! Não vou contar os momentos, mas realmente são emocionantes.
Algo que me chamou também a atenção, e que na apresentação do livro, Marcelo Cezar ainda comenta é a quantidade de notas que estavam no rodapé das páginas. Achei muito interessante isso, por que matou a minha curiosidade em alguns pontos. Uma que me chamou muito a atenção é quando Valentina comenta com o irmão que estava lendo um livro de mistério de uma escritora que estava fazendo muito sucesso na época, e que por sinal é uma das minhas escritoras favoritas: Agatha Christie. Na época em que se passa a história, não havia sido lançado nenhum livro da autora no Brasil. Pouco tempo depois, foi lançado O trem Azul, em 1933.
Repleto de ensinamentos e reflexões (além de muitas curiosidades), terminei Um Sopro de Ternura com um gostinho de quero mais. Uma história de vida que vale a pena ser vivenciada, uma leitura mais que válida! Recomendo!
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