Autor: Charles Bukowski
Editora: L&PM Pocket
Ano: 2012
Páginas: 316
Sinopse: O que pode ser pior do que crescer nos Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles Bukowski (1920-1994).
Avaliação: 3/5 estrelas
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Misto Quente chegou até mim
através de uma amiga da faculdade, que prontamente me emprestou para ler nas
férias. Ela avisara que encontraria uma literatura um tanto diferente daquilo
que eu estava acostumado. Curioso pela leitura, a sinopse me parecia bacana,
pois dizia quem lesse Misto Quente, leria Bukowski. Além disso, o livro tem
traços altamente biográficos da vida do autor.
O livro narra a vida de Henry
Chinaski, jovem alemão que mora nos Estados Unidos por volta da década de 1930,
em um cenário marcado pelo pós-recessão. Filho de um pai autoritário, beirando
a psicopatia que bate nele sem motivo, apenas pelo motivo de vê-lo sofrer, e
uma mãe submissa, que acredita que todas as atitudes do marido estavam
corretas, Henry tem que enfrentar o cotidiano na escola aonde estuda. Lá, ele
sofre preconceito diário principalmente pela sua origem, recebendo surras e
xingamentos dos colegas. Henry não tem perspectiva alguma de vida: sabe que sua
condição não o permite alçar objetivos plenos, mesmo sendo apenas ter uma
namorada. Mesmo assim, isso não o impede de sonhar: de sonhar em uma sociedade
diferente daquela que está acostumada, daquele em que ele convive diariamente.
Autores consagrados, como Tolkien
e Lewis, fizeram sucesso simplesmente pelo fato de criarem histórias repletas
de magia e aventura, criando uma realidade totalmente diferente da nossa.
Bukowski, não tão conhecido no Brasil, mas lá fora bem conceituado, segue o
caminho totalmente inverso. Misto Quente foi o primeiro livro que li do autor,
logo não tenho tanta credibilidade de falar de sua obra, mas tive uma breve
noção do que esperar nos próximos: o cotidiano.
Bukowski se importa em apenas
contar o cotidiano de Henry. Começando no ensino fundamental, Bukowski percorre
o livro contando o dia-a-dia, a falta de amizades, o bullying sofrido, mais
tarde, durante a adolescência, descobertas que fazem parte da vida de qualquer
adolescente, como masturbação, paixões, bebidas, drogas, amores e sexo. Um ponto positivo é que ele vai contando, em
grande parte do livro, fatos dispersos da vida do protagonista, mas
importantes. Não há uma linearidade na história, daquelas que o capítulo
seguinte inicia exatamente aonde terminou o primeiro. Isso torna a história
mais ágil e dinâmica.
No entanto, em alguns momentos,
há cenas extremamente densas e momentos da vida de Henry extremamente difíceis.
As surras impostas pelo pai sem motivo algum, ou motivos extremamente fúteis,
como deixar um fiapo na grama que Henry havia colocado. Além disso, durante a
adolescência, o que é uma fase bacana para qualquer pessoa, se torna quase que
um pesadelo para Henry: ele descobre que tem um problema com espinhas, o que
torna sua face totalmente marcada por elas e que o obriga a fazer tratamento.
Mas isso também não o impede de descobrir uma paixão pela enfermeira que o
cuidava.
Bukowski não tem meio termos em
sua narrativa. Confesso que havia momentos que não sabia de ria ou ficava
assombrado por algumas cenas ou situações. Sem pudor, ele cativa simplesmente
por ser direto e realista. Apesar disso, ainda acho que algumas cenas foram
desnecessárias na história, bem como em determinado ponto da história algumas
atitudes de Henry não me agradaram e que eu não concordei.
Misto Quente é uma leitura que
aconselho a todos, mas, acho que não é uma leitura feita para todos. Ela é
dinâmica ao mesmo tempo em que é densa, retrata um período marcado pela
pobreza, em uma sociedade que não tem espaço para todos.
Chinaski é o próprio Buk <3
ResponderExcluirainda não li misto-quente, mas pretendo em breve. Li outras obras dele.
Com certeza, é um dos meus autores preferidos... a forma como ele narra o cotidiano é incrível...
reparei em sua 'bio' que vc faz História. Legal, eu sou formada no curso de Licenciatura [me formei ano passado].
bjs
http://torporniilista.blogspot.com.br/
O livro parece bastante interessante, confesso que não conhecia o autor, mas vou procurar saber mais sobre ele e sua obra. Muito bom você resenhar livros diferentes dos bestseller que vemos frequentemente nas livrarias. Permite-nos expandir nossos horizontes e diversificar leituras, gostei bastante!
ResponderExcluirAbraços
http://fantasticosmundosdepapel.blogspot.com.br/