Autor: Bernard Cornwell
Série: A Busca pelo Graal #2
Editora: Record
Ano: 2012
Páginas: 461
Sinopse: Neste novo romance, a aventura começa em 1346. Os ingleses invadiram a França e os escoceses a Inglaterra. São tempos incertos e obscuros, e o primeiro que encontrasse o Santo Graal - uma espécie de tesouro guardado por anjos e procurado por demônios - seria considerado vitorioso. Thomas de Hookham, jovem arqueiro inglês, que aos 18 anos viu o pai morrer em seus braços após um ataque de surpresa, deixa a França, seguindo para as Ilhas Britânicas em busca do cálice e do assassino de seu progenitor. Filho bastardo do homem que dizem ter chegado mais perto que qualquer outro do cálice, Thomas tem uma grande e secreta vantagem sobre todos. Um diário escrito em latim, hebraico e grego - uma espécie de código - deixado por seu pai, que parece conter informações sobre o esconderijo do tesouro. Mas o destino parece desafiar o jovem arqueiro. Bernard de Taillebourg, inquisidor francês, está à caça de Thomas - e do precioso diário de seu pai. Para completar, por trás de Bernard está alguém ainda pior, o calculista Cardeal Bessières, que almeja o mais poderoso e supremo dos cargos, o papado, algo que só o Graal poderia garantir. Para isso, ele seria capaz de absolutamente tudo. Em sua busca desesperada, ele parece contar com o apoio de outros personagens de caráter duvidoso como o fanático Lorde de Roncelets e o lisonjeiro Conde de Coutances. Mas até quando? Até onde o poder do cálice pode corromper, destruir ou construir alianças? Por outro lado, o leal e determinado Thomas contará com o apoio do nobre inglês Lorde Outhwaite e do esgrimista escocês Robbie Douglas, na sua jornada.
Avaliação: 4/5 estrelas
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Ano passado conheci o trabalho de
Bernard Cornwell. Com a leitura de O arqueiro, confesso que fiquei
impressionado com o trabalho do autor, principalmente pela reconstrução
histórica realizada. Seus livros são sucesso em todo mundo, principalmente a
série As Crônicas de Arthur que reconta a história do Rei Arthur. Quando
terminou as aulas no fim de 2013, decidi pegar os dois livros que concluíam a
trilogia e estava disposto a ler nas férias. Apesar disso, acabei só
conseguindo ler O andarilho, principalmente por que se encaixava no desafio
Historiteratura no mês de fevereiro, que era ler um livro sobre a Idade Média. Além disso, enquadrava-se no Bola de Leitura, da categoria histórico da Inglaterra.
Após a Batalha de Crécy, Thomas
está mais decidido de sua missão: achar o Graal. Juntamente do padre Hoobe e de
Eleanor, sua mulher, ele parte em direção a um vilarejo onde ele pode encontrar
informações sobre sua família, que ao que tudo indica, possuíra o Graal no
passado. No entanto, ele descobre que não é o único a busca do objeto tão
estimado. Bernard de Taillebourg, francês, frade dominicano e inquisidor, que
também quer ter o objeto mais procurado da cristandade. Só que para não manchar
suas mãos com sangue, ele não medirá esforços, mesmo que para isso tenha que
justificar suas mortes dizendo que é em nome da Igreja. A busca de Thomas toma outros
rumos, e o arqueiro inglês sabe que pode se tornar cada vez mais perigosa.
Como muitos dizem, em casos de
trilogias, é o segundo livro considerado o divisor de águas. O primeiro é o
introdutório, e o terceiro, o desfecho, sendo o segundo considerado, talvez, o
mais importante. No caso de O andarilho, percebemos um maior desenvolvimento da
história, só que não chegamos a um ponto conclusivo em boa parte do livro.
Todas as características ou
maneira que Bernard constrói Thomas tornam o herói. Quando escrevi a resenha de
O arqueiro ano passado, lembro que comentei a semelhança entre Thomas e Enzo,
protagonista de Assassin’s Creed. Lendo O andarilho, me veio a lembrança de
outro protagonista: Harry Potter. Os três têm muito em comum, e Bernard faz
isso de propósito: Thomas muda muito ao longo dos dois primeiros livros, e a
vida impõe que ele mude. Não é algo que ele queira: ele tem que assumir novas
responsabilidades. Perde o pai, se vê em meio a uma busca de um objeto que não
sabe mesmo se existe e em muitas situações não sabe em quem confiar.
Amadurecimento nos personagens é um ponto que me conquista profundamente, e
Bernard soube trabalhar bem essa questão.
No entanto, houve um pequeno
problema que me atrapalhou a leitura desse livro: temos um ponto de partida,
mas não conseguimos ter uma linha de chegada. Bernard traça a história ao longo
de quase 500 páginas, mas em muitos momentos, não chega a uma conclusão. A
história acaba indo de um lugar para outro, sem que tenhamos perspectiva do que
pode acontecer. Consegui sentir isso apenas na reta final, quando a história
realmente se torna mais ágil e envolvente.
Apesar disso, não posso deixar de
comentar as cenas de batalha, que mais uma vez, me surpreenderam. Só imagina
você reconstruir uma batalha que ocorreu há quase 700 anos atrás? Pois é,
Bernard Cornwell faz exatamente isso. Ao final do livro, ele traz uma nota
histórica, dando, para o leitor uma noção do que aconteceu ou o que foi ficção.
Só que a maneira que ele narra as cenas, com todo aquele aparato de armas e
estratégias, dão ao leitor uma noção bem grande do que era esses eventos
durante a Idade Média.
Bernard Cornwell escreve mais um
capítulo da saga de Thomas Hookton. Empolgante, bem delineado, apesar de
algumas falhas ao longo da leitura, Bernard se consagra na minha estante,
mostrando o seu trabalho primoroso, com personagens controversos e bem
construídos (destaque principalmente para o frade De Taillebourg). Fiquei bem
curioso pela leitura do próximo livro, O herege.
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