Resenha: Capitães de Areia - Jorge Amado

domingo, 13 de maio de 2012 Marcadores: , ,

Título: Capitães de Areia
Autor: Jorge Amado
Editora: Companhia de Bolso
Ano: 2009
Páginas: 280

Clássico absoluto dos livros sobre a infância abandonada, Capitães de Areia assombrou e encantou gerações de leitores e permanece hoje tão atual quanto na época em que foi escrito. A história crua, comovente, dos meninos que moram num trapiche abandonado e vivem de pequenos furtos e golpes causou impacto desde o lançamento. Longe de manifestar piedade por suas pequenas criaturas, Jorge Amado as retrata como seres dotados de energia, inteligência e vontade, ainda que cerceados pelas condições sociais hostis em que estão inseridos. Com sua prosa repleta de verve e humor, o escritor baiano nos torna íntimos de cada um desses personagens e nos contagia com sua obstinada gana de viver.                         

                        Capitães de Areia é um dos oito livros que caem esse ano no vestibular da UFSC 2013. E foi o primeiro que li dessa lista.
                         Os livros do vestibular sempre têm aquela fama de serem chatos, de ninguém agüentar ler eles. De certa forma, alguns são muito chatos, que você lê até o final e não há Cristo que goste, mas outros não.
                         O livro de Jorge Amado é ótimo. Já ouvira falar do trabalho dele (é óbvio! Quem nunca ouviu falar de Gabriela Cravo e Canela?), mas nunca lera nada dele. Em partes, porque achava que os livros dele eram chatos (será porque que literatura brasileira tem essa fama?) e que não iria gostar.
                         Mudei de idéia totalmente. Capitães de Areia conta a história de vários garotos de rua, que juntos formam um grupo chamado Capitães de Areia. Vivem num trapiche na Bahia, e cada tem um tem sua história e seus jeitos de ser.
                         Dentre todos os capitães (e olha que são bastantes), os principais são: Pedro Bala é o líder do grupo, considerado um pai para o grupo; Volta Seca, afilhado de Lampião, que têm ódio das autoridades e tem o desejo de ser cangaceiro; Professor, que lê e desenha vorazmente; Gato, com seu jeito malandro e esperto; Sem Pernas, o garoto coxo que serve de espião se fingindo de órfão desamparado; Pirulito, com seu fervor religioso.
                        Bom, o livro narra as aventuras desse grupo de amigos. Considerados por muitos uma espécie de Robin Hood, os Capitães para muitos eram ladrões, outros eram heróis. Além disso, narra os dramas que cada um percorre. Exemplo disso é Sem Pernas que numa dessas aventuras é convocado para se passar por um órfão desamparado para roubar na casa de uma senhora rica e seu marido, que haviam acabado de perder o filho, porém o inevitável acontece: Sem Pernas acaba se apegando a família. Ele que era órfão, vê em Dona Ester há chance de ter pela primeira vez uma mãe.
                        Outro ponto é Gato. Malandro, esperto, “a última bolacha do pacote”, se envolve com Dalva, uma prostituta, e acaba se apaixonando por ela.
                       Além disso, conta a história de Dora, considerada a primeira capitã de areia da história. Órfã de pai e mãe, ela e seu irmão vagam pelas ruas da Bahia a procura de emprego. Numa dessas andanças, acabam topando com os capitães de areia, e indo para o trapiche. Claro que surge uma certa rejeição, mas com o tempo, vêem Dora como uma mãe.
                        Esses são apenas alguns dos pontos do livro. Não me arrependo de ter lido o livro, por que é muito legal. Confesso que demorei um pouco para entrar no ritmo (realmente eu gostei a partir da metade do livro), mas depois melhora muito. Deu-me até vontade de ler outros livros do autor: conhecer nossa cultura, a cultura baiana.
                         Para quem não sabe, final do ano passado foi lançado o filme baseado em Capitães de Areia. Eu assisti o filme (até porque tenho que fazer um trabalho sobre ele), e gostei. Não é a cópia exata do livro, mas dá para se ter uma boa noção. Conta com a trilha sonora feita por Carlinhos Brown. Vale a pena!
                         Capitães de Areia vale a pena ler! Recomendo muito!

OBS: Uma curiosidade é que na época do lançamento do livro, em 1937, causou um grande impacto entre as pessoas. Por causa disso, foram queimados inúmeros exemplares do livro. O principal motivo é que o livro mostra a Bahia, na época cheia de problemas sociais (não é a toa que os personagens principais sejam garotos de rua), e o Estado Novo não gostou muito dessa idéia de Jorge Amado.

1 comentário:

  1. Da maneira que falou do livro ele parece ser fascinante, embora eu já tivesse ouvido falar dele eu nunca tinha parado para ler a sinopse ou alguma resenha sobre ele. Como eu já perdi meu preconceito com clássicos desde que li Dom Casmurro essa obra é bem vinda na minha estante, acho que checar as livrarias a procura dele.

    http://viciadoemlivrosefilmes.blogspot.com/

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