O Perfume: a história de um assassino - Patrick Süskind

terça-feira, 16 de abril de 2013 Marcadores: , ,

Autor: Patrick Suskind
Editora: Bestbolso
Páginas: 279
Ano: 2006
Sinopse: França, século XVIII. O recém-nascido Jean-Baptiste Grenouille é abandonado pela mãe junto a restos de peixes em um mercado parisiense. Rejeitado também pela natureza, que lhe negou o direito de exalar o cheiro característico dos seres humanos, pelas amas-de-leite e por instituições religiosas, o menino Grenouille cresce sobrevivendo ao repúdio, a acidentes e doenças. Ainda jovem descobre ser dotado de imensa sensibilidade olfativa e parte em busca da essência perfeita, do perfume que lhe falta para seduzir e dominar qualquer pessoa. Nessa busca obsessiva, ele usurpa a essência dos corpos de suas vítimas.
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Tinha outras resenhas na frente, eu sei, mas não podia deixar de falar desse livro que me perturbou bastante nos últimos dias. O perfume foi um livro que sempre me chamou a atenção, mas por alguns motivos, sempre adiei a leitura. Até semana passada, que vi um cartaz do filme no Facebook, e por algum motivo, me deu vontade de ler o livro.
Até então, tinha uma ideia bem básica da história. Sabia que envolvia um assassino, e que assassinava as mulheres para roubar sua essência.  Ponto. Quando comecei a leitura, na sexta feira passada, fui apresentado a um mundo fascinante e outra dimensão completamente perturbadora.
Sim, o livro conta a história de Jean-Baptiste Grenouille. Nasceu em Paris, no século XVIII. Desde bebê apresentava sinais de uma criança diferente: não exalava cheiro, porém, tinha um olfato aguçado. A trajetória dele é longa, cheia de curvas tortuosas, momentos de desespero, de dúvidas, de conflitos.
Digo que O perfume é um livro um tanto diferente e exótico. E isso tudo de uma forma bem positiva. O livro aborda praticamente a história do protagonista. Desde seu nascimento até a vida adulta. Não há meio termos, nem personagens secundários que tornam a história mais importante. Tudo é focado em cima de Grenouille. E por mais que possam pensar que a história se torna cansativa, estão enganados. A história é fascinante e ao mesmo tempo assustadora. Ao longo de sua vida, vão passando pessoas que por algum motivo completam sua trajetória. Personagens passageiros, que tem importância mínima, mas que dão um outro toque a história.
Voltando a ideia de foco, uma coisa que me chamou a atenção foi o livro ser em terceira pessoa, e não em primeira. Só que assim: quem lê o livro, acha que está lendo em primeira pessoa. Os pensamentos, os conflitos, as atitudes do protagonista estão ali na sua frente. Estão a toda hora ao seu redor. Você consegue se envolver com a história.

Uma coisa que me chamou a atenção foi a questão de o autor fazer um paradoxo na história. No inicio do livro, somos apresentados a uma Paris totalmente fétida, suja, e mal cuidada. E trabalhar com um personagem que ao mesmo que não exala cheiro, tem um olfato aguçado, e que mais tarde cria uma obsessão por descobrir o perfume perfeito torna a trama mais pitoresca e atrativa.
Um  terceiro ponto que chamou a atenção, mas que mesmo assim não interfere no andamento da história nem a torna monótona é a falta de diálogos ao longo do texto. Podia ser considerado um fator negativo, mas eu não achei. Confesso, em alguns momentos eu possa até ter sentido a falta de um dialogo aqui e outro ali, mas vendo o livro no geral, é quase como se fosse uma biografia de Grenouille. Percorremos toda a sua vida. Todos os lugares que ele passou, as pessoas que influenciaram sua vida, suas atitudes, seus erros. Tudo de forma sucinta e sem pausa para respirar.
Ao longo da história, chega um momento em que ele “acorda” para a vida, e cria uma obsessão para obter o perfume perfeito, que despertaria desejos escondidos nas pessoas que o sentissem.
Ainda seria capaz de criar um odor que fosse não só humano, mas sobre-humano, um odor angélico, tão indescritivelmente bom e com tanta energia vital que quem o cheirasse ficaria enfeitiçado, ficaria sobre um encantamento, tendo de amar, de todo o coração a Grenouille, o portador desse fantástico aroma. p. 136
A partir dessa ideia, ele desenvolve uma técnica e passa a matar mulheres para extrair delas o aroma de cada uma. Tem todo um processo descrito de forma inebriante no livro, que chega a ser viciante. A partir disso, comecei a criar um conflito interno, tentando descobrir se podia considerar o protagonista como louco, ou apenas um gênio? É difícil se posicionar (eu não consegui até agora), mas fica aquela dúvida no ar.
A narrativa de Patrick é viciante. Sério, apesar de tudo é um livro que desperta sentimentos profundos. É um livro que você lê e literalmente só falta sentir o cheiro, o aroma de determinada cena. Tem uma cena, quando Grenouille faz sua primeira vitima, que o jeito que ele descreve a maneira que Grenouille se sentiu ao se aproximar da jovem, é algo tão profundo, tão viciante, quase que poético, que você realmente queria estar, naquela cena, ao lado dele. Pelo menos foi assim para mim.

Estava tão gélida de susto quando o viu que ele teve bastante tempo para lhe colocar as mãos em torno do pescoço. Ela não tentou qualquer grito, não se mexeu, não fez qualquer gesto de defesa. Ele, por sua vez, nem a olhou. Não viu seu rosto com sardas de verão, a boca rubra, os grandes olhos completamente verdes, pois manteve os seus olhos bem cerrados enquanto a estrangulava, tendo somente uma preocupação: não perder nada de sua fragrância. p.43
Não me arrependo em nenhum instante de ter lido O perfume. Poderia ficar mais meia hora aqui falando do livro, sem problemas, mas acho que a melhor coisa mesmo é lê-lo e ter essas sensações um tanto malucas. O perfume é um romance perturbador, intenso, histórico e assustador. Espero assistir o filme o quanto antes, porque já se tornou meu favorito apenas no trailer. Se recomendo? Mas é claro!

 

4 comentários:

  1. Eu adoro esse livro e fico imensamente feliz que tenhas gostado.
    Eu era bem novinha quando li a primeira ver e não entendia provavelmente grande parte da história.
    A última vez que o li acho que eu tinha uns 15 anos (ou quase isso) e o filme foi lançado uns anos depois.

    É uma história quase que de ficção científica, essa coisa de tirar o cheiro das pessoas. E ao mesmo tempo incrível.
    As cenas centradas em Paris fétida tanto no início da vida de Jean Baptiste quanto ao fim do livro são ótimas e inesquecíveis.

    Tem algo especial que essa edição nova (principalmente a de bolso) acredito que não tenha. Mas a edição que eu tenho as páginas eram perfumadas.
    Acho que hoje não deve ter mais o perfume (talvez só cheiro de pó), mas a última vez que li ainda eram.

    liliescreve.blogspot.com

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  2. Nao conhecia o livro, mas pela historia parece ser muito bom. Nao é meu estilo preferido, mas eu leria. Acho que estranharia essa questao de falta de dialogos e falta de outros personagens, mas talvez a intenção tenha sido essa mesmo :)

    Bjos!

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  3. Oi Lucas!
    Que coincidência, eu pensei nesse livro ontem!
    Eu não o li ainda, mas tenho muita curiosidade porque amei o filme. Ele também é perturbador, principalmente a cena final, e imagino que o livro seja ainda mais por narrar com mais proximidade o íntimo do protagonista, mesmo que em terceira pessoa.
    Acho que a linha entre a loucura e a genialidade é bem tênue :)
    Sua resenha desse livro foi, em minha opinião, uma de suas melhores até o momento, parabéns!
    Beijão!

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  4. realmente é um livro perturbador, envolvente e incrível... gostei de sua resenha ^^
    parabéns
    http://torporniilista.blogspot.com.br/

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