Experiências históricas: Imprensa em Desterro no século XIX: práticas e condutas!
quarta-feira, 18 de março de 2015 Marcadores: Desterro, História, História do Brasil, Imprensa
Já faz um tempo que não posto nada acerca de História, então decidi vir falar um pouco sobre. Dessa vez, o tema é a imprensa aqui em Florianópolis no século XIX. Claro que na época, o nome da capital era Nossa Senhora do Desterro. O nome Florianópolis veio posteriormente.
Antes de começar a falar sobre, gostaria de comentar que é tão engraçado ler um texto ou conhecer mais sobre o assunto e saber que isso tudo aconteceu próximo a você (no meu caso, eu moro perto da capital). É aquele momento que você fica passando pelas ruas da cidade e fica imaginando o que acontecia ali. Mas deixemos de devaneios e vamos ao que interessa!
O jornalismo é considerado filho do movimento romântico e na primeira metade do século XIX que se tornou um tipo de comunicação de massas, assumindo o formato de mercadoria. Para contribuir, houve uma melhoria dos processos técnicos de fabricação de papel e impressão, resultando no custo mais barato do produto final.
De modo geral, os folhetins ilustravam a construção de uma moralidade patriarcal, a segregação entre os espaços públicos e privados. Em Desterro não foi diferente. Todos os 13 jornais editados na cidade de Desterro, ao longo da década de 1850, foram escritos por homens que estudaram ou eram oriundos de outros centros. Ao mesmo tempo em que noticiavam os fatos ocorridos, colocavam um sentimento de modelo a ser seguido. Pensando a sociedade como um todo, o seu cotidiano se restringia ao acompanhamento das missas, terços, orações e novenas que clamavam por uma intervenção divina ante a precariedade da existência humana.
Dentre os diversos fatos e ocorrências do período, temos a figura do Lampeão do Hotel, com sua missão “essencialmente civilizadora”. Tinha total liberdade para escrever o que quisesse, desde que denunciasse os abusos cometidos por autoridades liberais no processo eleitoral. Além de tudo, publicava ácidas críticas sobre a vida e acontecimentos sociais importantes, mas também do próprio dia-a-dia: maus-tratos e brigas familiares, namoro de garotas com homens casados, encontros furtivos nos passeios; concubinato com escravos, etc. A identidade do cronista já não era segredo: o colunista era Manoel José de Oliveira, médico do Batalhão do Depósito, que chegou em Desterro, 1856.
A visão de família nuclear foi construída ao longo do século XIX e teve como grande influência o discurso da imprensa, considerado como um poderoso mecanismo forjador de novas práticas e condutas. Em referência a educação elementar, a imprensa recomendava que, até o primeiro decênio da vida, ambos os sexos deveriam estar suficientemente instruídos em leitura e caligrafia, aritmética, geografia e história pátria. A partir de então, cada um ia para um canto. Meninos pra as escolas militares e as meninas ficavam onde estavam. Práticas femininas eram vistas como indispensáveis na educação. Concomitante a isso, tinha-se vários debates acerca do papel ambíguo da mulher na sociedade da época: como ela era a base da formação dos filhos, do recato das filhas e da honra familiar; e por outro lado, como era sendo objeto de desejo, alvo da sedução e fonte do pecado.
A formação da família nuclear (pai, mãe e filhos) acabou que por individualizar seus membros, prescrevendo a eles rígidas normas de condutas, exigindo responsabilidades que nem sempre poderiam ser satisfeitas. Para saber mais, pesquise o trabalho de Itamar Siebert, principalmente o texto "Crônica jornalística, sociabilidade e vida familiar na Desterro de meados do século XIX", do livro História de Santa Catarina no século XIX.
Aproveito a oportunidade para perguntar a vocês se tem algum período/tema da História que queriam ver aqui no blog. Se sim, deixem suas sugestões nos comentários!
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