Historiografia é o modo em que se decide contar uma história, sendo esta de um acontecimento, ou fato histórico. A historiografia pode mudar ao longo dos anos, seja pelo contexto no qual está inserida, pelo olhar do historiador, ou até mesmo pelo achado de uma nova fonte que dá surgimento a uma nova perspectiva.
A
Guerra do Paraguai ocorreu dentre os anos de 1865 e 1870 e foi um dos conflitos no qual o Brasil participou, considerando que este teve maior participação. Grande foi pela sua
duração, mas também pelo sofrimento humano e pelas consequências posteriores.
Foi graças a ela que se deu o apogeu do Império brasileiro, afinal, o império
conseguira sustentar o conflito longe de seu território por um longo espaço de
tempo. Mas também simbolizou sua decadência, pelo aumento das tensões internas
que surgiram durante o conflito.
O estopim da guerra foi o fato de
que a região do Mato Grosso, no Brasil fora invadido pelos paraguaios sem aviso
prévio. O conflito teve fim com a vitória brasileira. Apesar disso, as
consequências brasileiras foram visíveis, já que houve um grande investimento
por parte do governo, além do grande número de pessoas servindo nas batalhas.
A historiografia clássica,
constituída no momento e depois do conflito, louvava os feitos dos soldados
brasileiros, legitimando sua ação perante o Paraguai. Além disso, colocava
Solano Lopez como um tirano ambicioso e megalômano, que queria expandir para o
território brasileiro a qualquer custo. A primeira obra sobre o assunto foi A
retirada de Laguna, escrita pelo Visconde de Taunay, que dava grande dramaticidade ao evento, além de
destacar os pontos ditos anteriormente. Nesse contexto, houve a produção de uma iconografia oficial, retratando elementos destacados como importantes, como foi o caso de Batalha do Avahy, por Pedro Américo. O quadro remete a um dos conflitos, ocorrido em 1868. Dessa versão historiográfica, a obra
considerada mais importante é a do Augusto Tasso Fragoso, na década de 30 e 40
do século XX, já que apresentou as características presentes em obras
anteriores, mas também contextualizou os motivos que levaram Solano Lopez a
invadir o Brasil.
Essa postura só teve mudanças a
partir de 1979, com o lançamento do livro do Genocídio Americano, de Julio
Chiavenato. Inaugurador do movimento revisionista, Chiavenatto coloca a ação de
todo o período e conflito no imperialismo inglês. Sua obra estava baseada na do
historiador argentino Leon Polmer. Sua narrativa estava repleta de paixão, o
que acabava deixando de lado a análise de fontes e o critério acadêmico. Seu
trabalho influenciou outros que vieram posteriormente. É importante lembrar que
estamos em um contexto de governos militares, logo, grande parte dos
revisionistas criticavam o militarismo presente. Além disso, o trabalho de
Chiavenatto não deixava de ser um paralelismo ao imperialismo dos Estados
Unidos perante Cuba.
Com o fim das ditaduras, em
meados da década de 80 surge outro movimento, intitulado Historiografia
Sistêmica Regional. Há a abertura de arquivos, há uma liberdade acadêmica maior
que permite uma maior ousadia intelectual por parte dos historiadores. Dessa
vez, tentam colocar os sujeitos em seu próprio contexto histórico e entender as
causas do conflito a partir do próprio processo histórico dos países platinos,
como por exemplo irão afirmar que o Paraguai não era um exemplo de modernidade.
Além disso, procuram estudar aspectos particulares do conflito. No entanto, há
uma maior preocupação, por parte desses historiadores, em análise séria de
fontes, além de haver um maior critério acadêmico de correção. São exemplos
desse contexto Francisco Doratioto, com Maldita Guerra, Wilma Peres Costa, com
A espada de Dâmocles, além de outros.
Para saber mais:
Gostei do post Lucas. Aprecio muito os livros que tem um certo conceito histórico e curti muito a sua explanação a respeito. Abraço!
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