Dom Casmurro - Machado de Assis

domingo, 29 de março de 2015

Título: Dom Casmurro
Autor/a: Machado de Assis
Páginas: 256
Editora: Saraiva
Ano: 2011
Sinopse: Dom Casmurro, um dos romances mais conhecidos do autor, foi publicado pela primeira vez em 1900. Bentinho, Capitu e Escobar são os protagonistas do enigmático triângulo amoroso criado por Machado de Assis e já fazem parte de nosso imaginário. A narrativa se passa na cidade do Rio de Janeiro, no período do Segundo Império, embora saibamos que as questões da obra não se circunscrevem a um tempo ou a um lugar específicos. A dúvida quanto à traição da mulher amada, que perpassa toda a narrativa, se amplifica em questões sobre as incertezas e vicissitudes tão humanas, a imaginação e a fragilidade de nossas convicções.
Avaliação: 5/5 estrelas
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No ano passado, Machado de Assis fez parte da minha vida consideravelmente. Comecei o ano lendo Machado de Assis, historiador do professor da UNICAMP Sidney Chalhoub para uma disciplina da graduação, pelo qual me apaixonei pelo livro e pela temática. Desde então, fiquei com curiosidade para conhecer melhor a obra do grande romancista brasileiro. Para não dizer que não conhecia nada, havia lido no Ensino Médio O alienista, mas não me marcara tanto assim. Sabendo do meu desejo, no final do ano, no amigo secreto, minha amiga me deu Dom Casmurro, clássico de seus romances, que desperta sentimentos e reflexões controversas até os dias de hoje. O livro ficou na prateleira esperando para ser lido, até que eu comecei nas férias e....

A história já é conhecida por todos nós. Por mais que não lêssemos o livro, sabíamos todos os elementos presentes. Com certeza você ouviu falar dele no colégio, já assistiu a minissérie da Globo, ou coisa do tipo. A famosa Capitu, o amor de Bentinho, conhecido como Dom Casmurro, a dor e a dúvida da traição. Todos os elementos que tornaram Machado de Assis imortal. Mesmo assim, quando comecei a leitura descobri um mundo totalmente diferente.

Logo nas primeiras páginas, Machado de Assis já me conquistou. Sua narrativa diverge das de muitos, pois é como se ele conversasse com o leitor. Escrito em primeira pessoa, Dom Casmurro nos narra sua história como se fosse memórias, ao mesmo tempo em que determina o que deve ser contado ou não. Confesso que esse ponto influenciou minha visão sobre a história, principalmente quanto a pergunta que não quer calar: houve ou não houve a traição?

Bentinho (ou Machado de Assis) escolhe contar sua história quando ainda jovem, em meio as descobertas da adolescência e seu amor por Capitu. Ao contrário disso, temos o desejo de sua mãe, d. Glória de que ele vá para o seminário. Paralelo a isso, temos o agregado José Dias, a prima Justina, o tio Cosme e tantos outros personagens que só vem a contribuir para tornar a história ainda mais interessante. Conforme vamos adentrando a história, conhecemos melhor os personagens e suas falhas e desejos como seres humanos.

Destaque para Capitu, que se mostrou uma personagem totalmente intrigante para mim. Ao mesmo tempo em que a achava ingênua, sentia um quê de sedução por parte da moça que me deixa com uma pulga atrás da orelha. Ela atiçava Bentinho ao mesmo tempo em que se fazia de moça de família, seja através de comentários, atitudes ou trejeitos. Bentinho por outro lado, se deixava levar pelos sentimentos para com Capitu, se mostrando as vezes ingênuo. Dou um desconto, sabendo que era jovem e tudo mais.

A história vai ganhando força, tornando-se viciante de ler. Mas atento para o fato de a narrativa ser mais lenta. Quando você achava que havia lido 30 páginas, só haviam passado apenas 10. Voltando ao ponto da traição, acredito que não houve. Por mais que Bentinho (ou Machado) dê indícios de que houve, acredito que não teve. A narrativa sendo em primeira pessoa, fica muito fácil para o personagem querer contar determinado assunto sobre o seu ponto de vista. Ou seja, ele vai contar aquilo que ele quer, sobre o modo que ele quiser. Isso fica claro no livro. Há momentos na história em que o narrador diz que não iria escrever sobre aquilo, pois não queria “cansar o leitor”. Da mesma forma, Bentinho enxergou aquilo que queria enxergar. E isso ele repassa para o leitor.

Não vou dar muitos fatos da história, para não estragar a leitura (por mais que a história, como disse no início da resenha, já é conhecida por muitos). Mas de qualquer forma, indico Dom Casmurro a todos. Não esperava que fosse gostar tanto da leitura. Quando terminei, fiquei ainda pensando: quando li O alienista há alguns anos, foi uma experiência totalmente diferente da de agora. Na época, achei-o enfadonho e chato. Hoje, quando terminei Dom Casmurro, vi Machado com outros olhos. Olhos mais atentos para um autor que marca a vida de seus leitores. E que estarei disposto a conhecer outras de suas obras.

1 comentário:

  1. Eu estou em divida com o Machado de Assis. Tbm li no ensino médio alguns contos do autor e gostei bastante. Durante a faculdade li Memórias Póstumas e adorei. Desde então tenho vontade de ler outros livro, principalmente Dom Casmurro e Quincas Borba, mas acabo me enrolando..
    Acho que a capitu é uma das personagens mais marcantes da literatura nacional. Mesmo quem nao leu o livro sabe quem ela é.
    Abraço,
    Alê
    www.alemdacontracapa.blogspot.com

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